Tuesday, June 5, 2007

O Chapéu

Era uma vez... uma menina que queria muito ter um chapéu. Ela em tempos já teve um, mas ao fim de algum tempo percebeu que aquele não era o chapéu que ela sempre desejou para ela, não era o que sempre sonhou um dia e mantê-lo para sempre. Não podia ser um chapéu qualquer, comum a tantos outros que existem pela multidão. Tinha que ser um chapéu muito especial, com inúmeras caracteristicas que ela julgava serem importantes, visto não querer andar a trocar de chapéu regularmente, tinha que ser um para toda a vida. Tinha que a abrigar da chuva e dos ventos fortes que surgem ao longo dos anos, tinha que lhe permitir vêr os raios de sol para lhe abrilhantar os dias, tinha que ser forte e resistente para "sobreviver" ao passar dos anos na mão da menina, tinha que que lhe ser fiel e leal e não andar a ser o chapéu de qualquer um, tinha que ser um chapéu para usar em qualquer altura do ano, houvesse tempestades, chuvas ou um calor abrasador, no fundo tinha que ser O CHAPÉU...
Certo dia, sem ela estar a contar, sem aviso prévio, vindo do nada esse chapéu surgiu-lhe pela frente. Ela olhou-o, comtemplou-o, sorriu e pensou para com ela que tinha finalmente encontrado O CHAPÉU. Ela estava feliz, imensamente feliz, murmurava-lhe que ele era lindo, que ele era tudo o que sempre quis, sempre precisou, que ela iria cuidar dele como nunca cuidou de nenhum outro. Abriu-o e fechou-o inúmeras vezes e a sua opinião sobre o chapéu mantinha-se. A menina sabia que esse chapéu ja tinha pertencido a alguém, sabia que num enorme vendaval ele se tinha rasgado, mas tinha-se reconstruido, estava como novo, forte, estável, protector, com todas as caracteristicas que ela desejava. Mas havia um senão.... A menina tinha medo, tinha receio. E tinha, porque ele já se tinha rasgado no passado. Ele próprio tinha consciência que estava mais forte que nunca, tinha noção que NUNCA mais, por muito forte que fosse a chuva, a tempestade ou o vendaval, ele vaçilava. Tanto nos dias em que a menina o usava como nos dias em que o punha no roupeiro, ele sabia, finalmente, a razão da sua existência, dar bem estar e protecção á menina. Esse era o grande sonho do chapéu.
Mas ela continuava renitente em confiar na sua resistência, durabilidade, nas suas intenções, por vezes saia á rua em dias imensamente soalheiros ou chuvosos sem ele, por não acreditar nas suas caracteristicas. Ele, triste, sempre pronto a ser usado, sempre pronto a demonstrar a sua resistência, a sua fidelidade, acenava-lhe com uma vareta, como se lhe quisesse dizer "estou aqui, confia em mim, que serei sempre o teu chapéu". Ela, olhava-o cada vez mais com desdém embora intimamente soubesse que era ele o chapéu que queria e sempre quis. O dilema dela era enorme. Ele, tentava a todo o custo e sempre que as suas forças permitiam, demonstrar-lhe que o lugar dele era nas maões dela, fosse ela para onde fosse, estivesse o tempo que estivesse. Mas essa ligação entre ambos, não venceu, infelizmente, para ambos.
Hoje, ele encontra-se a um canto, não á espera que alguém lhe pegue, mas sim á espera que a menina volte de braços abertos, e que ele, consiga finalmente e eternamente, cumprir a sua missão, o seu sonho, o seu objectivo, dar á menina bem estar, por muitas tempestades que lhe surja pela frente ao longo dos anos.
Menina.....

1 comment:

Pêndulo said...

vim aqui parar na minha pesquisa sobre o Dhaka Project em blogs... e acabei por ler este texto... e acho que este texto retrata um bocado uma parte da minha vida (actual)... sinto-me como se fosse o chapeu...

um beijo